O Mistério de Irma Vap
O Mistério Continua
Fotos: Priscila Prade
Em 1986, Ney Latorraca e Marco Nanini estrearam O Mistério de Irma Vap e ficaram 12 anos em cartaz, sob direção de MarÃlia Pêra. Alguns anos depois, Marcelo Médici e Cássio Scapin remontaram a mesma peça sob direção da mesma Pêra. A revista Bacante resolveu assistir a nova montagem para desvendar o seguinte mistério (ah, os trocadilhos!): quais os segredos da peça para ter feito tanto sucesso nos anos 80 e 90, e retornado agora em 2008, com o apoio de crÃtica e público? Não que tenhamos conseguido resolver esse mistério, mas aqui vão as impressões.
A peça é uma comédia rasgada, de humor pastelão, que faz paródia à s histórias de terror dentro de castelos (tÃpico dos britânicos, já que eles têm castelos e podem transformar o lugar em mal assombrado, tipo O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde. Bem diferente dos americanos, que tem o castelo da Cinderela). No enredo, Lorde Edgar leva sua nova esposa, Lady Enid, para morar no castelo, supostamente assombrado pelo fantasma da falecida esposa do Lorde, Irma Vap. No meio da história tem lobisomens, figuras estranhas que aparecem no meio da noite, múmia, calabouços secretos, governanta assassina – ou seja, uma dramaturgia meio espalhafatosa e de certo modo confusa. Os atores no final até brincam com isso, dizendo que como as pessoas não entenderam, tiveram que voltar diversas vezes, e assim, a peça ficou em cartaz por 12 anos. Brincadeiras à parte, a narrativa não é o mais importante da encenação, fica mais como um plano de fundo e uma desculpa para os dois atores mostrarem a que vieram.
O Mistério de Irma Vap é um espetáculo cujo sucesso depende completamente do talento dos intérpretes. No caso, Médici e Scapin interpretam oito personagens e brincam de trocar de figurino mais de 50 vezes durante uma única apresentação. Aliás, a troca de roupa é um dos atrativos da peça: o espectador fica o tempo todo admirado porque o ator sai de cena de um lado vestido como um personagem, e entra em cena do outro lado, cinco segundos depois, com outro figurino totalmente diferente. Expressões de “nossa!”, “uau”, “ele entrou aqui e saiu ali diferente” (sabe quando um amigo explica pro outro o óbvio só pra fazer barulho?), “que rápido!”, vêm de todas as partes da platéia.
Médici e Scapin seguram a peça, não só na capacidade do troca-troca (ah, os trocadilhos!), como também na habilidade de improvisação, no controle e expressões corporais, nos passos de dança do Cássio, no domÃnio do timing da comédia, e em algumas brincadeirinhas, como citações ao famoso papel de Nino que Scapin fez durante anos no Castelo Rá-tim-bum, da TV Cultura. Falando em citações, essas foram atualizadas na nova montagem: além do Nino, sobrou para Kelly Key, Nirvana e até Bruno Chateaubriand. Confesso que a histeria da personagem Lady Enid que Médici fez, me irritou um pouco pela repetição constante da afetação e dos tiques dela, mas isso também faz parte do humor pastelão. Também incomodaram os risos do Médici (dele, não dos personagens) em alguns momentos, que lembraram um pouco do jeito Miguel Falabella (sempre ele) de fazer comédia. Pena que não consegui ver as expressões faciais dos atores, porque meu lugar era na última fileira, naquela parte do teatro que o teto é mais baixo e sem iluminação, ao lado da pilastra.
No programa, tem uma citação do autor da peça, Charles Ludlam, em seu manifesto “Teatro RidÃculo, Flagelo da Loucura Humana”, que diz assim: “As coisas que se levam a sério são as nossas fraquezas”. Concordo totalmente com a frase, ponto.
1 mistério que ainda continua sem explicação (e que talvez justifique mais 12 anos desta montagem)
Mao,
tô por aqui,
esperando eles no Paulo Pontes.
nossa, q loucura,
pensei q o texto era do Mao
quá quá quá
foi mal lequinha.
Beijo
Nossa, to escrevendo tão parecida com o Mao assim?
Medo.
ahahahahahaha
não sei pq,
acho q li errado,
mas, pensei q tinha
sido o Tsé Tung.
Beijo