4 pessoas e a morte

Fotos por: Diego Bressani e Thiago Sabino

Sabe aquelas coisas que te invadem pelos olhos e ouvidos e correm pelas veias até acelerar o coração e arrepiar cada pelo do seu corpo? Essa é a sensação de Adubo ou a sutil arte de escoar pelo ralo.

Difícil encontrar um teatro feito de forma tão intensa quanto nessa peça em que a equipe dispõe de pouquíssimos recursos cênicos e tem como resultado uma das montagens com mais entrega que já vi em toda minha curta vida (empatando com Aldeotas).

Aliás, lá, no palco do CCSP, sala Jardel Filho, é que vemos o quanto a vida é curta e o quanto podemos celebrá-la, avacalhando a morte.

Os quatro integrantes do elenco fizeram uma extensa pesquisa (pasmem!) no tcc da faculdade de artes cênicas na UNB. E eu que achava que não se aprendia mais nada nas universidades. Textos religiosos, médicos, filosóficos e literários foram usados na elaboração da dramaturgia coletiva. Curiosamente nada de teatro do que foi estudado entrou no espetáculo, segundo Pedro Martins, o careca que está na home da Bacante.

A pérola negra ficará em cartaz no CCSP até o final dessa semana e (pasmem de novo!) só entra em cartaz novamente no Rio de Janeiro de 02 de agosto a 07 de outubro. Na última semana em São Paulo (pasmem mais uma vez! Juro que é a última) não houve divulgação no Guia da Folha. Mas tudo bem né, o guia também é uma festa. Tem semana que eles colocam peça, tem semana que não, enfim, não muda nada pra eles.

Quem for, vai conferir, por meros R$ 15,00, quatro pessoas fazendo coreografia, música, piada, tomando banho, imitando cachorro, criando mundos, pra fazer teatro. O figurino atemporal, aliado à cenografia composta por desenhos, bitucas de cigarro e uma mesa de bar fazem você esquecer o dia cinza e chuvoso da cidade de São Paulo nessa época do ano.

E quando você menos esperar que haja uma história lá no meio desse circo todo, ela vai brotar, e a catarse vai ser inevitável, e você nem vai se questionar, porque vai ser bom pra caralho quando acontecer.

5 pessoas gritando Du Caralho!

Confira também a crítica de Daniele Ávila para o espetáculo.