La Fin des Terres
Sonhos de Plástico
Afinal, o que é peça? E dança? E circo? Não, eu não pretendo responder nenhuma dessas perguntas, apenas afirmar que já há bastante tempo essas três artes vêm se fundindo e criando um novo tipo de espetáculo de que o público sai sem ter certeza do que viu. É mais ou menos como sair da peça francesa La Fin des Terres se questionando: “isso é teatro ou circo ou teatro-dança ou teatro-circo-dança ou o novo circo ou quem sabe um show de mágica ou todas as alternativas anteriores?”
O diretor Philippe Genty cria uma atmosfera onÃrica e lÃrica que mistura elementos das diversas artes, e que não deixa o espectador convicto para afirmar: “isso não é teatro”, “isso é essencialmente teatro”. Essa dúvida provavelmente nem é o mais importante da montagem, só se a pessoa que assistiu tem uma espécie de toc (transtorno obsessivo compulsivo) e precisa ter a certeza de não ter visto um espetáculo mais voltado para o circo e a dança. A mesma reflexão pode ser feita também a respeito da outra peça francesa, L’Oratorio d’ Aurelia, mais voltada ainda para o circo do que a peça do Genty (deve ser influência do Chaplin, né?).
Totalmente sem falas, a La Fin des Terres é uma festa para os fotógrafos (ai, se eu tivesse uma câmera no momento!), com inúmeras composições de imagens de um universo de sonhos. Imagine enormes bolhas de plástico praticamente engolindo atores; olhar para o palco e ter a certeza que instantes antes era outro ator que estava naquele lugar com a mesma roupa (e você que achava que tirar um coelho da cartola era o máximo, hein?); piscar o olho e ver um ator no lugar da imagem dele mesmo em 2D (tipo foto em cartaz, saca?). E quem sabe um inseto gigante embalar uma personagem em seu casulo, fazendo-a renascer diferente e pueril. Imagine também uma carta te tocar tanto que você é engolido literalmente (!) por ela. Toda essa piração visual surge no palco trazendo imagens apenas sonhadas.
O espetáculo apresentado no Filo também traz uma série de recursos estéticos e técnicos que estilizam ainda mais o clima mágico, como a iluminação vermelha vinda por meio de um painel atrás, que deixa os atores apenas como sombras, com suas silhuetas em contraste. Ou quando o palco é reduzido por faixas pretas, que praticamente emolduram o que o espectador deve ver. (Talvez uma metáfora do próprio palco italiano, que limita o olhar.)
Deu para perceber esboçada uma história de amor, de procura, desencontros e desilusões amorosas. Talvez no sonho ou delÃrio de um dos personagens. Mas essa intenção não fica completamente clara, o que indica que talvez o mais importante mesmo seja o visual e o clima criados.
A montagem tem quase duas horas de duração e nem todas as imagens parecem ser necessárias – algumas nem são tão belas, se fosse esse o critério. Parece que faltou uma edição e menos dó de cortar algumas partes.
4 pessoas sendo engolidas por uma bolha gigante.
Eu vou com certeza, aqui no SESC. Ficou ótima a matéria.
Aliás, a Bacanta tem um visual lindo, fora o conteúdo.
Abs!
Gustavo
http://www.nao2nao1.com.br – blog sobre relacionamentos lúcidos
Eu vou com certeza, aqui no SESC. Ficou ótima a matéria.
Aliás, a BACANTE tem um visual lindo, fora o conteúdo.
Abs!
Gustavo
http://www.nao2nao1.com.br – blog sobre relacionamentos lúcidos
Relaxa, que a gente entendeu a piada.
Hehe.
Brincadeira. Valeu pelo comentário. Respondo pela autora pois ela não está mais entre nós.
Abraço.
Linkei pra cá na curta matéria aqui do Porta do SESC: http://tinyurl.com/55pstw
Valeu pelo link também!
Adorei esta peça.
É fantástica. Sabe me dizer onde estão se apresentando?